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Entrevistas

Ángela Carabalí: a conexão dos países latino-americanos através da representação no cinema


Documentário colombiano Soñé Su Nombre foi o grande vencedor da Mostra Longas do FAM 2025

Eleito o Melhor Filme em uma das principais categorias do 29º Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2025, o documentário Soñé Su Nombre foi representado na Cerimônia de Premiação do Festival pela diretora colombiana Ángela Carabalí. O longa-metragem foi a escolha do Júri Oficial na Mostra Longas, que exibiu seis obras de cinco países.

O filme conta a jornada de Ángela e sua irmã, Juliana, pela Colômbia até as terras indígenas onde o pai, um agricultor afrodescendente, foi vítima de desaparecimento forçado. Além de diretora do documentário, Ángela é fotógrafa, produtora audiovisual, professora universitária e diretora do programa de Comunicação e Linguagens Audiovisuais da Universidade de Medellín. 

FAM – Soñé Su Nombre foi eleito o Melhor Filme pelo Júri Oficial. O que significa para você esse reconhecimento dos profissionais especializados?

Ángela - Foi muito lindo e gratificante o momento em que estava na Premiação e anunciaram Soñe Su Nombre como o Melhor Filme pelo Júri Oficial. Foi muito comovente, porque é um filme feito do coração, da família. E retrata uma realidade muito complexa, que vários países do Cone Sul viveram. Apesar de que na Colômbia não tivemos uma ditadura, infelizmente seguimos vivendo esse flagelo, esse desaparecimento forçado, então queremos que se continue falando sobre isso! E as palavras do júri foram muito comoventes. Receber esse prêmio foi uma confirmação de que o que nós queríamos expressar no filme não estava apenas chegando a um público, mas também a um júri especializado, que tem a possibilidade de assistir a muitos outros filmes, de encontrar muitos outros elementos interessantes neles, e ainda assim escolher o nosso! É muito simbólico realmente. 

FAM – Qual a importância dessa história chegar a mais pessoas, por toda a América Latina?

Ángela - O documentário é feito para refletir sobre as feridas que o desaparecimento forçado deixou nas pessoas que ficaram à espera. Reconhecer o que nos machucou, e poder expressar essa dor para nos curar, é fundamental. Muitas vezes, muitas das mães buscadoras têm que ser muito fortes para levar adiante suas famílias; elas deixam de lado suas dores para seguir em frente. E, agora, esse filme as convida a serem vulneráveis, manifestar a tristeza e a dor. Então, para nós, é muito importante que essa história chegue a muitas pessoas que viveram essa situação. E também àquelas que conheceram por outros meios, é muito importante para gerar essa empatia a partir das dores que nós não vivemos. Ela nos convida a questionar "o que podemos fazer para ajudar a acabar com esses círculos de violência ao nosso redor?".

FAM –Você esteve presente no FAM 2025, acompanhando a programação de perto. Como foi sua experiência com o Festival? Como você enxerga a relevância que o FAM tem na comunidade audiovisual e para a sociedade?

Ángela - Foi muito lindo estar no FAM, muito acolhedor. É um festival que está conectado profundamente com a inclusão, com a diversidade, com as histórias dos povos que foram super-representados na tela. É lindo que a curadoria do Festival esteja baseada nessas histórias que muitas vezes não são protagonistas em outros cenários. E o fato de haver língua de sinais, closed caption, e todas essas possibilidades de acessibilidade, abre portas para que os conteúdos dos realizadores cheguem a uma população muito mais ampla. Isso me surpreendeu, me comoveu e me inspirou a querer que todos os meus conteúdos sejam inclusivos. Além disso, o FAM é um espaço muito importante por tornar possível o encontro entre países irmãos. É uma possibilidade de nos vermos, nos reconhecermos, e sintonizarmos com essas histórias que podem ser muitos similares em nossos países.

O  29º Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2025 é um projeto cultural produzido através da lei de incentivo à cultura. Teve o apoio da  Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, Prefeitura Municipal de Florianópolis, através do Edital especial Lei Paulo Gustavo e do Prêmio Catarinense de Cinema, Fundação Catarinense de Cultura, Governo do Estado de Santa Catarina e Programa Ibermedia. Patrocínio ANCINE -  Agência Nacional do Cinema, Itaú Unibanco e Sebrae. Patrocínio Master Petrobras. Realização Associação Cultural Panvision, Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução.

 



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