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Entrevista Diego Lacerda


Diego Lacerda, animador e cineasta brasileiro, natural de Recife e atualmente radicado no Canadá, fez sua estreia como roteirista e diretor com o curta-metragem de animação "Hoje eu só volto amanhã”. O filme, que explora a diversidade de experiências durante o carnaval em Olinda (PE), foi premiado com o Troféu Panvision pelo júri popular na Mostra Curtas do 28º Festival Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM).

A obra possui uma abordagem multifacetada, representando as perspectivas de dez personagens distintos por meio de diversas técnicas de animação, incluindo 2D, 3D, rotoscopia e tinta guache. Durante a sessão, realizada no dia 6 de setembro, o público foi transportado para as vibrantes ladeiras de Olinda, acompanhando a jornada da personagem Marina em busca do êxtase da folia. 

FAM - Qual é a mensagem principal que você gostaria de transmitir com o filme?
Diego Lacerda - Queríamos que as pessoas refletissem sobre como suas percepções são diferentes das dos outros, trazendo uma mensagem de empatia e questionamento sobre verdades absolutas. O Carnaval, que abordamos no filme, é também um símbolo de resistência e autenticidade, algo que conheço profundamente.

FAM - Como foi o processo criativo?
Diego Lacerda - Levou quatro anos até o produto final. A ideia do filme surgiu da reflexão sobre a percepção subjetiva das pessoas. Um exemplo é como algumas pessoas descobrem ser daltônicas após anos sem saber que enxergavam o mundo de maneira diferente. Essa ideia foi expandida para abordar a percepção relativa – como amigos nos veem, como nós nos vemos, como nossas mães nos veem, e como essas visões sempre serão diferentes. A ideia foi amadurecendo até eu encontrar o contexto ideal para explorá-la: o Carnaval.

FAM - Como você recebeu o reconhecimento pelo prêmio de voto popular no FAM?
Diego Lacerda - Ser reconhecido dessa maneira é gratificante. É muito bom saber que a gente tá conseguindo tocar e gerar emoções fortes nas pessoas que estão assistindo. A crítica valoriza mais a técnica e a linguagem, enquanto o público se conecta pela experiência emocional. Ambas as perspectivas são importantes.

FAM - Qual é a importância de festivais como o FAM para a sociedade?
Diego Lacerda - Eu cresci indo muito para festivais e assistindo muitos filmes, e isso me fez querer fazer filmes e trabalhar com animação e cinema, especialmente no contexto dos festivais. Nos festivais, podemos assistir a filmes que não estão disponíveis no cinema comercial. Muitos filmes só conseguimos ver em festivais, e a difusão do cinema independente é complicada sem eles. Esses filmes, em geral, são feitos para o público e pela arte, não visando retorno comercial. Essa produção tende a apresentar obras mais diversas e inspiradoras, tanto para o público quanto para os artistas. 

O  28º Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2024 foi um projeto cultural produzido através da lei de incentivo à cultura e por meio do Programa de Incentivo à Cultura - PIC, do Governo do Estado de Santa Catarina aprovado pela Fundação Catarinense de Cultura. Teve o apoio da  Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes através do Programa de Fomento ao Audiovisual, edital 2023 e do Prêmio Catarinense de Cinema, edição especial Lei Paulo Gustavo, Fundação Catarinense de Cultura, Governo do Estado de Santa Catarina. Teve o incentivo do Grupo Krona. Patrocínio ANCINE -  Agência Nacional do Cinema, Itaú Unibanco e Sebrae. Realização Associação Cultural Panvision, Muringa Produções Audiovisuais, Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução.



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