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Entrevista Michelly Hadassa


Michelly Hadassa é diretora e roteirista do curta de ficção A Última Primavera, que estreou na 28ª edição do Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul - FAM 2024 e recebeu o prêmio de Melhor Filme da Mostra Curtas Catarinense na escolha do público. Uma produção de Garopaba, aborda os desafios do envelhecimento e a fragilidade da vida a partir de um grupo de idosos numa casa de repouso. Michelly também realizou antes os curtas Além dos Olhos e Ferida Aberta. Ela conta na entrevista mais sobre o processo do filme. 

 

FAM - O que te inspirou a fazer esta história e o que você busca sensibilizar com o filme?

Michelly Hadassa - Não sei se existe uma inspiração para contar histórias que abordem temas sociais, acho que o papel da arte é encantar, entreter, mas principalmente dar voz àqueles que são pouco vistos na sociedade.


Eu, como mulher preta, sinto necessidade de falar, de ser ouvida, mas também de escutar. Pouco se fala sobre o envelhecimento, pouco se abordam temas como o fim da vida. Acho difícil falar sobre o que eu busco sensibilizar com este filme, porque cada pessoa se sente tocada de forma diferente, cada um sente o filme de uma maneira muito íntima. Então eu deixo pro público dizer o que sentiu e o que lhe impactou.

 

FAM - Como foi o processo de produção?

Michelly Hadassa - Esse projeto foi contemplado no edital do Prêmio Catarinense em 2020. Mas devido à pandemia e a uma gestação de risco, foi necessário que eu adiasse a produção, o que me levou a entregar o projeto somente quatro anos depois de ser contemplada. Como mãe de dois filhos, sem rede de apoio, é possível imaginar como foi difícil realizar este filme. Por isso me emociono ao pensar que o público reconheceu nosso trabalho na tela e nos contemplou com o principal prêmio de um festival, o Júri Popular. Minha equipe foi muito parceira e todos abraçaram o projeto, desde a pré-produção até as gravações.

 

Hoje quando vejo o making of e percebo a dedicação e entrega de todos, os cuidados com meus filhos que acompanharam as gravações, minha bebê de um ano pulando de colo em colo para que eu conseguisse trabalhar da maneira que eu desejava, isso tudo torna mais especial ainda esse filme.

 

FAM - Qual sua relação com o FAM e como vê a importância para a sociedade dos festivais de cinema?

Michelly Hadassa - O FAM faz parte da minha história pessoal e profissional. Foi no FAM a primeira vez que eu vi um filme numa tela de cinema, eu tinha 17 anos. Mês passado meu filho foi ao cinema do Cine Show assistir um filme de animação. Nessa mesma sala ele voltou dia 8/09 para assistir ao filme escrito e dirigido pela sua mãe. Por isso eu sou muito grata ao FAM, por nos proporcionar isso, assistir a filmes catarinenses, filmes latinos, filmes brasileiros, por ser um festival tão abrangente, diverso em suas temáticas e inclusivo.

 

Tenho um amigo de 60 anos que é deficiente visual e foi lindo convidá-lo para a sessão e dizer que ele poderia acompanhar o filme com acessibilidade, com audiodescrição. Isso foi muito mágico, este senhor de 60 anos não vai ao cinema porque não é acessível pra ele. O FAM nos trouxe essa novidade, estar acessível ao público PCD em todas as sessões.


 

O  28º Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2024 foi um projeto cultural produzido através da lei de incentivo à cultura e por meio do Programa de Incentivo à Cultura - PIC, do Governo do Estado de Santa Catarina aprovado pela Fundação Catarinense de Cultura. Teve o apoio da  Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes através do Programa de Fomento ao Audiovisual, edital 2023 e do Prêmio Catarinense de Cinema, edição especial Lei Paulo Gustavo, Fundação Catarinense de Cultura, Governo do Estado de Santa Catarina. Teve o incentivo do Grupo Krona. Patrocínio ANCINE -  Agência Nacional do Cinema, Itaú Unibanco e Sebrae. Realização Associação Cultural Panvision, Muringa Produções Audiovisuais, Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução.

 



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